sexta-feira, 11 de abril de 2014

Quando todos choram

Quando os inocentes choram
Os Anjos choram
Vejo corpos novos e velhos, caídos
Nos campos de batalha, nas ruas
Crianças sequestradas, sem sonhos, sem vida
Homens sem rosto, sem alma
Roubam, matam, estupram
Acuam nossa Polícia
Riem da nossa Lei
A guerra nunca acaba
Todos os dias ela cresce, ganha formas
São batalhões de dementes
Que nos aprisionam em nossos lares
Sementes de um mal presente
A população chora
A criança chora
O idoso chora
A mulher chora
E nós, elegendo os patrocinadores dessa podridão
Nos parlamentos da vergonha
Que não se calam, entre as quatro paredes, limpas pela sujeira
O Brasil está sem rumo, sem plano de vida, sem os maestros
Apenas uma horda de dilapidadores do erário
Sem escrúpulos, que nos assaltam todos os dias
Nesse Brasil da copa, de samba e de futebol
Mas de esquecidos, de esfomeados, de violentados...em choro...

Eu, sempre choro...Não sou anjo, tampouco inocente...Talvez um revoltado, um indignado...Alguém que não abandona a esperança...


Carlos Oliveira, perplexo...

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Dica.

Cuidado com o chavão! (É um vício de estilo já incorporado como linguagem em textos oficiais. Alguns chavões contêm erros gramaticais ou semânticos e outros são apenas muletas que se convém evitar). Evite estas construções: Acusamos o recebimento de... Acima citado, Supramencionado, Em epígrafe
Devidas providências..., Providências cabíveis...,
Lamentamos profundamente..., Sinceras condolências...,
Devidamente atendido..., Honrosa presença...,Venho através desta..., Vimos pela presente..., Tem a presente a finalidade de... Venho por meio dessa... Sem mais para o momento..., Limitados ao acima exposto...,No aguardo... Na expectativa... O corrente ano...  O mês em curso... Outrossim...   SMJ... Anteriormente..., Urgentemente..., Com a maior brevidade possível ...Na certeza de..., Contando com... Agradecemos antecipadamente...
Protestos de elevada estima e consideração ...

terça-feira, 5 de junho de 2012

Vida no mato

Homenagem ao Dia do Meio Ambiente (um dos meus simples poemas):

Vida no mato

Aos sons que surgem do eco das entranhas verdes
Sinfonias de plumagens e vultos
Na tora oca da árvore já vivida
O Quatipuru alvissareiro em sua rápida permanência
Precede o céu de chuvas sobre a tenda verde
As araras num protesto secular
Brincam nas copas das árvores
Borbulhas negras e frias dos igarapés
Marcam o deleite da lontra
Sons que aparecem
Surpreendem
Imagens que desaparecem
Vivem nos encantados sonhos naturais
Não compreendido ainda
Pelo obtuso homem moderno
Paraíso manchado, do bicho real acuado
Guarda na noite, refúgio, paz, dia que não vem.

Por Carlos Oliveira

segunda-feira, 30 de abril de 2012

Para aprender um pouquinho durante o feriado.

Para aprender um pouquinho durante o feriado.

1- O pai "sequer" foi avisado. Sequer deve ser usado com negativa: O pai nem sequer foi avisado. Não disse sequer o que pretendia. Partiu sem sequer nos avisar.

2- Acredito "de" que. Não use o de antes de qualquer que: Acredito que, penso que, julgo que, disse que, creio que, etc.

3- De "formas" que. Locuções desse tipo não têm s. De forma que, de maneira que, de modo que, etc.

terça-feira, 10 de abril de 2012

Uma história não contada.




Nasceu Sebastião, mas era chamado Tião. Fatos tortos contam que Tião sumiu para outras cidadelas para ficar longe de tanto alvoroço que lhe causaram tão permanente infelicidade.
Sua história começara no interior do estado, numa cidade onde políticos coronéis investidos em fardas civis açodam seus projetos dos milagres do desenvolvimento.
Em meio à mata rasteira, Maria, sua mãe, arrastava sua carga pesada sendo observada pelo olhar languido dos outros filhos, sem se preocupar com o bucho de quase nove meses. Lá estava Tião. Como quase toda mulher amazônica, Maria não se esmorece nas caminhadas longas, ora para plantar, ora para colher. Os dissabores passaram a rugas.
Foi à beira daquelas turvas e doces águas das praias, que nasceu Tião, nu em trapos, sol nos olhos, moscas no ar. Maria não aguentou, naquele dia, mais uma andança. Tião, dali caminhou para um destino não escrito por ele, mas dedicado por essas fatalidades propositais de um grupo de seres chamado humanidade. Do roto lar, quase sem paredes firmes, mas de mata ao redor, Maria resolveu vir para cidade, terra que acreditara dar um sentido melhor para Tião.
Durante sua infância, quase esquecida, de migalhas e olhares desfalecidos dos seus irmãos, sem brinquedos e festas, Tião cresceu quase sem palavras e sem sorriso. Ninguém se lembra de tê-lo visto rindo de algo. Apenas aquele olhar longínquo contaminava-o. A escola foi apenas de alguns números e de poucas palavras para ele, pois a tabuada e a cartilha do abc não o conquistaram.
Sem amores e sonhos na sua adolescência, Tião aprendeu na solidão dos passos a enfrentar a ausência de afagos. Prendeu em seu peito apenas o saber do trabalhar duro, sem descanso, descalço.
Adulto, Tião não se animava, caminhava pelas mesmas pegadas que encerrara um dia antes e assim seguia por todos os dias, quase sempre ao mesmo destino e rota.
Aos pés do último alpendre, cujas formas ainda lembravam a fuga do antepassado em gemidos fúnebres das chicotadas, caiu Tião, atingido por um golpe de quem o confundira com um larápio. Tião era negro. O agressor insistia, ao olhar naquela pele cinza sobre o negro, em acusá-lo de permissivo criminoso. Tião era negro.
Nos toques agudos e descompassados ao caminhar, Tião lavou com sangue aquela histórica ladeira de beatas, benzedeiras, bêbados e moçoilas que se debruçavam devido ao íngreme percorrer.
Em dor, caminhou grande distância para cair novamente à beira d’água, mas dessa vez numa praia feita pelo rico lixo dos pobres ricos. Era quase noite, Tião olhou para o mesmo sol que abrandara o olhar ao nascer, mas dessa vez não chorara, nem soluçara, nem o circundara as moscas. Apenas sorriu, sorriu de verdade e fechou os olhos pela última vez.


Por Carlos Oliveira. Em Manaus, 4/4/2012.

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Erros comuns da nossa Língua:

1 - Comprou "duzentas" gramas de manteiga. Grama, peso, é palavra masculina: duzentos;
2 - Ela era "meia" louca. Meio, advérbio, não varia: meio louca, meio cansada;
3 - "Porisso". Duas palavras: por isso. Como em: de repente e a partir de.


Valeu!

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Erros comuns da nossa Língua:


1-Que "seje" feliz (gramaticalmente incorreto). O subjuntivo de ser e estar é seja e esteja;
2-"Ao meu ver". Não existe artigo nas expressões: A meu ver, a seu ver, a nosso ver;
3-A festa começa às 8 "hrs." do dia 19 de abril de 2012. As abreviaturas no sistema métrico decimal não têm plural nem ponto.

Valeu !